Ares da floresta

 

A história da exploração da Amazônia é repleta de extermínio, violência, dor, abandono e exploração dos povos da floresta. Mercenários sobre as ordens de reis, generais e empresários dizimaram comunidades inteiras para o enriquecimento de um. Em tempos recentes a borracha foi fator para a barbárie sofrida pelas comunidades nativas onde eram encontradas as árvores que choravam látex.

Este ensaio fotográfico não pretende ser um brado de indignação motivado pelas condições econômicas, mentais e emocionais em que se encontram os povos da floresta, nesse caso específico as comunidades do rio Ucaylli.

É impactante sentir como a ação colonizadora perpetuada desde a chegada do homem branco desconectou uma grande parcela das comunidades indígenas de suas raízes ancestrais. Mitos, crenças, ritos e sonhos, antes pulsantes de mensagens e saberes da floresta, resistem na voz icarada de mulheres e homens que lutam por não se desconectar de sua matriz ancestral.

A fotografia é uma forma insinuosa de compartilhar instante de encantamento na lagoa Yarinacocha. Ela permite leitura que se desassocia do meu olhar, fomentando outras narrativas conforme nos autorizamos a navegar nas suas dimensionalidades.

Os rios desempenham um papel fundamental nas culturas amazônicas, não apenas como via de comunicação e fonte de recursos naturais, mas, também, como parte integrante das crenças e da espiritualidade do povo amazônico.